A Vila

IAPI - Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários
O IAPI foi criado pelo governo federal, em 1936, para oferecer aposentadorias e pensões a trabalhadores do setor industrial e financiar projetos de habitação popular aos associados. Em 1966, o IAPI foi fundido com outros Institutos de pensões para formar o INPS – Instituto Nacional de Previdência Social, atual INSS.
Vários projetos habitacionais foram construídos pelo IAPI no Brasil. Em Porto Alegre a expansão da indústria na região norte ocorreu durante os anos 1940-50, o que motivou a construção da vila operária. Mas na documentação das obras do IAPI consta como o Conjunto Residencial do Passo D’Areia.
Inaugurado em 1953 pelo presidente Getúlio Vargas, o conjunto residencial era a Vila Industriária ou Vila dos Industriários, que mais tarde ficou conhecida como Vila do IAPI.
Direto do tunel do...
Descubra aqui o que se lia nas bancas de jornais sobre a construção do IAPI na década de 1950.
Arquitetura e Urbanização
da Vila do IAPI

Os projetos de arquitetura e urbanismo da Vila do IAPI tiveram como autores o engenheiro Otacílio Saboya, do escritório do IAPI no Rio de Janeiro e os engenheiros Edmundo Gardolinski e Marcos Kruter, do escritório do IAPI em Porto Alegre. Os dois últimos, se tornaram os queridos personagens face de nosso projeto.
A planta de urbanização contemplava 2.496 unidades, sendo um dos maiores conjuntos habitacionais realizados no país até a década de 1940. As tipologias residenciais variam entre: casas isoladas no lote e casas geminadas, blocos de apartamentos de 2, 3 e 4 pavimentos, sendo que alguns desses blocos tinham uso misto (residencial e comercial). Para cada uma das situações, uma solução diferente foi encontrada, resultando em um conjunto residencial de significativa heterogeneidade.
As características arquitetônicas e urbanísticas tornaram este conjunto residencial uma referência para estudos em faculdades de Arquitetura e Urbanismo, gerando dissertações, teses e livros.

Imagem retirada de "Os pioneiros da habitação social - Vol 2" de Nabil Bonduki e Ana Paula Koury, 2014.
Vista aérea da Vila do IAPI nos anos 1950.
Foto: acervo NPH-UFRGS

Prédio em fita.
Foto: acervo NPH-UFRGS

O engenheiro Edmundo Gardolinski (1914-1974), primeiro da direita para a esquerda na foto, nasceu em São Mateus do Sul, no Estado do Paraná. O estudo primário foi em São Mateus do Sul e o ginásio no Instituto Santa Maria, em Curitiba. Cursou a Faculdade de Engenharia Civil, Pontes e Arquitetura do Paraná, também na cidade de Curitiba. Turma de 1938.
“A casa deve refletir as características e tendências do homem e da família, de modo a servir suas necessidades e possibilitar o desenvolvimento de uma vida sã e integral. Da mesma forma, o urbanismo deve orientar-se no sentido de planejar a edificação das cidades, tendo em vista satisfazer as necessidades fundamentais das populações e propiciar uma convivência democrática, efetiva e feliz. (...) Conquanto o ideal seja a casa individual, cuja construção merece estímulo e ajuda, circunstâncias várias da vida moderna levam à solução dos chamados Conjuntos Residenciais. Esses conjuntos, tanto quanto possível, devem refletir a diversidade da vida social, evitando a homogeneidade excessiva resultante da sua locacao ou venda a elementos pertencentes a uma categoria profissional específica” .
NUNES, M., COUTINHO, M.F. e ABRÃO, J. S. (2000: 11)

Foto: acervo da família Kruter.
O engenheiro Marcos Kruter (1917-1995) nasceu em Porto Alegre e estudou no Colégio Rosário. Cursou Engenharia Civil no Instituto Politécnico do Paraná, na cidade de Curitiba.
“...procuramos os efeitos belos, explorando ao máximo os recursos naturais e tentamos criar com as concordâncias harmoniosas do traçado, o ponto alto da solução paisagística. (...) Sem prejuízo do aproveitamento racional do terreno no sentido de obter o máximo rendimento, decidimos disseminar o...(ilegível)...os espaços verdes, para que esse benéfico elemento, além de sua função decorativa, bizarra e alegre, possa ser usufruído de uma maneira equitativa por todos os futuros moradores do novo bairro. (...) O projeto foi elaborado segundo um grupo de normas e considerações de ordem técnica, urbanística, social e econômica”.
SOUZA (1994: 11 e 12) e FAYET & EQUIPE (1995: 25 e 26).

Foto: Documento doado por André Gardolinski (filho do engenheiro Edmundo Gardolinski).
Como é morar na Vila do IAPI?
Um lugar para quem busca tranquilidade sem abrir mão da convivência urbana.
O ambiente é predominantemente residencial e acolhedor atraindo visitantes de bairros vizinhos, principalmente aos finais de semana, devido à beleza da paisagem e às opções de lazer do Parque Alim Pedro, localizado no centro da Vila.
As ruas mais arborizadas oferecem um clima ameno, ideal para caminhadas e passeios ao ar livre.
Há duas obras de arte que se destacam: a escultura da Índia na Praça Obirici e a imagem na gruta da Igreja Nossa Senhora de Fátima.
Duas praças estão bem conservadas, a Praça Chopin e a Praça Província de Shiga.
Além da identidade própria do lugar, há vantagens de morar em imóveis antigos:
• Casas térreas e prédios baixos permitem que a paisagem seja visível para os moradores, a partir da vista de suas janelas e portas.
• Condomínios abertos facilitam a convivência e a circulação dos vizinhos.
• Jardins maiores na frente dos imóveis facilitam a aeração reduzindo a umidade nas paredes, o que evita a formação de mofo.
• Portas e janelas de madeira aquecem menos o ambiente do que as de alumínio, assim como telhas de cerâmica comparadas com as de zinco.
Infraestrutura e comodidades
A Vila do IAPI está inserida no bairro Passo D’Areia, que oferece infraestrutura para atender as principais necessidades diárias dos seus moradores. A região conta com uma ampla variedade de serviços, como supermercados, farmácias, padarias, escolas e hospitais, garantindo que tudo esteja ao alcance sem a necessidade de grandes deslocamentos. Porém, ainda há poucos espaços culturais nas proximidades e no interior da Vila.
Em 2002, a Vila do IAPI passou a ser considerada Área de Interesse Cultural (AIC) através de proposta formulada pela Equipe do Patrimônio Histórico e Cultural da Secretaria Municipal da Cultura de Porto Alegre.
Por causa da repercussão histórica do conjunto residencial, em 2012 a Secretaria Municipal de Cultura de Porto Alegre realizou o Inventário do Patrimônio Cultural de Bens Imóveis da Vila do IAPI, identificando as características das construções e estabelecendo orientações para que sejam conservados.
Os imóveis inventariados passaram a ser protegidos pela Lei do Inventário – Lei Complementar n°601/2008.
Após o inventário dos imóveis da Vila do IAPI, o conjunto residencial se tornou Patrimônio Cultural de Porto Alegre.

Página 278 - Anexo 3, Áreas de Interesse Cultural e Áreas de Ambiência Cultural - Prefeitura Municipal de Porto Alegre Secretaria do Planejamento Municipal
LC 434/99, Atualizada e Compilada até a LC 667/11, incluindo a LC 646/10.
Acesse aqui o Plano Diretor de Porto Alegre.
Mobilidade urbana e bairros vizinhos
A Vila do IAPI possui uma localização estratégica, com fácil acesso a outras áreas importantes da cidade, como o Centro, o Aeroporto Salgado Filho, as avenidas Assis Brasil e Plínio Brasil Milano, que facilitam o deslocamento tanto de carro quanto de transporte público. O bairro é bem servido por linhas de ônibus que conectam a Vila do IAPI a outras partes da cidade.
Os bairros vizinhos são: Higienópolis, São João, Cristo Redentor, Boa Vista, Bela Vista e Três Figueiras. Seus limites são as avenidas Marechal José Inácio da Silva, Avenida Brasiliano Índio de Moraes, Avenida Assis Brasil e Avenida Plínio Brasil Milano.
Lazer e cultura na Vila do IAPI
O Parque Alim Pedro é o espaço de lazer melhor preservado da Vila do IAPI.

Rua Rio Pardo. Foto de Marcos Frizzo.

Quadra do Parque Alim Pedro. Foto de Marcos Frizzo.
Em frente ao parque, temos a Biblioteca Estadual Prof. Romano Reif. Abaixo fotos de alguns eventos culturais realizados no local:




Banner doado por André Gardolinski e Maria Cristina Gardolinski (filho e nora do engenheiro Edmundo Gardolinski).
Há espaços apropriados para feiras de rua e apresentações artísticas ao ar livre, porém, ainda são pouco aproveitados para promoverem interação entre moradores, expositores, artistas e comerciantes locais. Infelizmente, ainda há poucos restaurantes, cafés, bares e lanchonetes em funcionamento na Vila do IAPI. Consequentemente percebe-se uma falta de circulação de pessoas, reduzindo a vitalidade, a segurança e a atividade do comércio local.
Nos anos 1980, a Escola de Samba Unidos da Vila do IAPI (@unidosdavilaiapioficial) teve sua sede na Vila do IAPI, mas mudou-se para outro lugar da cidade.

Diário Gaúcho.

Diário Gaúcho.
Moradores célebres
As ruas do IAPI também presenciaram a infância e adolescência de alguns moradores que se tornariam conhecidos pelo grande público, como:

Elis Regina
(1945-1982)
Intérprete e cantora brasileira.

David Coimbra
(1962-2022)
Jornalista, radialista, escritor e cronista brasileiro.
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Bixo da Seda
(967-1972, 1973-1980)
Banda de rock brasileira, inicialmente conhecida como Liverpool e, depois, Liverpool Sound.
Bora ouvir?







































